Bases da Filosofia Tradicional Chinesa

   Foi na China, pelo que se tem noticias, que mais remotamente surgiu uma maneira "quântica" de enxergar o Universo: O Universo - isto é, tudo o que existe e que portanto para nós é real - é na verdade ilusório, pois é manifestação de algo metafísico, de uma energia, a qual batizaram de Chi (Qi ou Ki, no Japão, e Prana na Índia).

   Chi nesta visão, é a única coisa que de fato existe: é o que contém, preenche, e dá forma a absolutamente tudo o que existe, seja da natureza que for.

   Essa teoria é a base de religiões e filosofias, como o Budismo Ch'an (Zen Budismo) e o Taoísmo, e é o conceito base da Medicina Tradicional Chinesa (MTC).

   A Energia Chi, nas mais variadas formas em que se manifesta, caracteriza-se Yin (representado pelas partes pretas do circulo central da figura) ou Yang (representado pelas partes brancas do circulo central da figura).

Os oito Trigramas e Tai-Chi, a representação milenar das duas maiores forças do Universo, o Yin e o Yang.

   Segundo a tradição lendária, na época pré-histórica por volta de 6.000 a.C., o imperador Fu Hsi formulou os oito Trigramas e os primeiros símbolos das duas maiores forças do Universo, o Yin e o Yang. As citações mais remotas que fazem referencia a Teoria Yin/Yang são do período da Dinastia Zhou (1100 - 771 a.C). Já os indícios dos primeiros Trigramas são mais remotos. Há certas pedras (seixos) encontradas na China em camadas geológicas, podendo ser datadas entre 50.000 e 40.000 anos a.C.Os arqueólogos afirmam que não são de origem natural, foram talhadas manualmente.
   Ao contrário do pensamento ocidental que tende a ver os opostos como absolutos, o oriental diz que nada é essencialmente Yin ou essencialmente Yang pois essas são qualidades relativas.

   Baseando-nos na tabela acima, podemos exemplificar o conceito da relatividade dizendo que São Paulo é Yang em termos de temperatura em relação ao Porto Alegre, mas é Yin neste sentido em relação à Salvador. Algo é Yin em relação a outra coisa com caracteristicas menos Yins, que neste caso, passa a ser considerado Yang. Portanto, Yin e Yang não são qualidades intrínsecas a absolutamente nada. Não seria correto dizer que São Paulo É Yang/Yin.

   Yin e Yang são forças complementares. Para que uma exista é necessária a manifestação da oposta. E não são absolutas pois, além da necessidade de um referencial ao qual se possa comparar para então qualificar, cada força possui em si a essência da outra, na qual se transforma posteriormente.

   Lavoisier disse tudo, talvez até mais do que ele próprio soubesse estar dizendo quando concluiu:

"No Universo nada se cria, nada se perde, tudo se transforma".

   Essa é uma conclusão em que a ciência ocidental chegou em plena concordância com os conceitos orientais.
   Segundo o tradicional conceito oriental, todo o Chi - toda a matéria prima - está manifesto em seus mais diversos estados, e graças à interação das polaridades Yin/Yang há a constante mutação do Universo, onde nada se mantém estático: O Yin cresce consumindo o Yang. Quando atinge seu apse passa a ser consumido pelo outro, cujo qual cresce consumindo o Yin, até que atinja seu limite máximo, iniciando novamente o processo e dando continuidade ao ciclo eterno.
   Quando começa a meia-noite? Segundo este conceito, a meia-noite não começa quando o relógio marca 00:00h, e sim, quando marcar 12:00h, quando o dia, Yang, atinge seu apse e passa a ser consumido aos poucos pela noite, Yin. Já o meio-dia começa às 00:00h, quando a noite atinge seu apse e passa a ser consumida pelo dia.
      O Princípio Único (a constituição-concepção da vida e do Universo do extremo oriente) nada mais é, em realidade, do que um método de classificação dialético-pratico e universal, acessível a todos, que abrange tudo o que existe no Universo e o Próprio Universo. É um monismo absoluto apesar de parecer dualista à primeira vista. A polarização dupla do princípio permite uma classificação em duas categorias antagonistas, aplicáveis em qualquer ciência, técnica, ação ou filosofia a bem do estudo e solução de problemas.
      Tudo é a manifestação de Chi em diferentes níveis. Essa óptica sugere que o Universo é um fluido único de energia.